A adoção do trabalho remoto – mais conhecido como home-office, ou trabalho em casa – é um dos legados da pandemia. Além dos milhares de empresas que já abriram mão de seus luxuosos escritórios e dos comerciantes que aderiram à loja virtual em lugar da presencial, temos agora o governo federal preparando seus servidores para trabalhar na própria casa. Em principio, isso poderá proporcionar uma economia anual de R$ 1,5 bilhão, já em 2021. Dos 600 mil servidores em atividade no Executivo Federal, 200 mil exercem atividades que poderão se enquadrar ao sistema sem prejuízo nos resultados. Há critérios a se observar. Primeiro a repartição tem de se inscrever no programa e depois atender aos requisitos dessa forma de prestação de serviços.
Se o governo federal desenvolver esse sistema, é certo que estados e municípios também o adotarão e com isso poderão atender com mais eficiência seus contribuintes, como já fazem as instituições bancárias e as grandes corporações. A soma da tecnologia – computadores, smartphones, tablets e internet – é que determina o que pode e o que não pode ser executado remotamente. A maioria dos setores é compatível e, por deixar gravados os atendimentos e providências adotadas, ainda enseja a oportunidade de se avaliar o desempenho da equipe e, sempre que necessário, aprimorar os serviços. Com isso, lucra tanto o empregador – seja ele empresa ou poder público – quanto o empregado. O empregador para de ocupar espaços normalmente caros e de consumir eletri cidade, água, despesas e outros insumos; e o empregado deixa de depender de vale-transporte ou de veículo próprio, economiza em vestuário e elimina a necessidade de ter quem cuide de sua casa ou até dos filhos pois, mesmo no trabalho, continuará presente.
O home-office – também chamado trabalho remoto, teletrabalho, trabalho à distânciaoutrabalho portátil – decorre das tecnologias de comunicação surgidas com a corrida espacial e da popularização do computador. Surgiu nos Estados Unidos, durante os anos 80 do século passado e está presente no Brasil desde 1999, quando aqui foi realizado um seminário para difundir o processo. As empresas de tecnologia trouxeram gradativamente as ferramentas que tornaram possível essa prestação de serviços e aos poucos a legislação trabalhista vem sendo adaptada para a sua execução, Mas, mesmo antes disso tudo, já haviam profissionais que exerciam suas atividades no domicílio. Destaquem-se, advogados, poder judiciário, minis tério publico, jornalistas correspondentes de veículos nacionais de imprensa e outros que não dependiam de equipe para cumprir suas tarefas.
O avanço da tecnologia e a disponibilidade das comunicações abriram um grande leque de opções que agora, na emergência da quarentena pandêmica serviu para manter as atividades sem que os profissionais tivessem de ser reunidos nos tradicionais espaços corporativos. Com os aparelhos hoje disponíveis, que “conversam” uns com os outros, ficou cada dia mais factível a realização do trabalho à distância. Da mesma forma ganham espaço no mundo da tecnologia as casas e prédios inteligentes, onde os usuários podem operar remotamente seus eletrodomésticos e equipamentos. Outro ponto é a tecnologia de segurança que, a cada dia, oferece mais ferramentas para nos livrar dos malfeitores.
A pandemia da Covid-19 apressou o avanço do home-office em muitos países, inclusive no Brasil e, por isso, pode-se atribuir a ela a adoção desse sistema de trabalho. Mas, se formos verificar mais atentamente, o grande responsável pela inovação é o avanço tecnológico, especialmente as técnicas derivadas da Nasa (Agência Espacial Norteamericana). Mesmo que demorasse mais tempo, tudo isso um dia seria adotado como forma racional de manter as atividades e compatibilizá-las com as necessidades das corporações e das pessoas. É a evolução, que nunca pára. A esperança é que o poder público siga o exemplo da iniciativa privada e aproveite a tecnologia para aprimorar seus serviços e atender melhor ao contribuinte, sua única razão de existir.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves